domingo, 30 de maio de 2010

O motivo por que a Fitch desceu a notação de Espanha

Embora em Espanha se tenha aprovado um plano de austeridade a fim de reduzir a dívida pública, é a dívida dos particulares que está a deitar tudo a perder. Com efeito, a dívida acumulada pelos particulares e empresas assombram o futuro económico do país, um fenómeno que acaba de ser sancionado pela agência de rating Fitch ao baixar, na passada sexta-feira, a nota de Espanha de AAA para AA+.
Assim, e paradoxalmente, as medidas de rigor adoptadas pelo governo espanhol poderão vir a voltar-se contra ele, pois, segundo a agência Fitch, elas vão contribuir para a redução do crescimento económico, o que agravará a situação das famílias e das empresas.
Em Espanha, é o nível da dívida dos particulares que constitui um verdadeiro problema, uma vez que ronda os 178% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, três vezes superior à dívida pública. A responsável por esta situação foi a "bolha" imobiliária, durante a qual os espanhóis se endividaram ao máximo, bem como as empresas construtoras. Assim, a subida de impostos, a redução das despesas sociais e o aumento do desemprego para 20% fazem aumentar a possibilidade de incumprimento por parte dos particulares no que respeita ao pagamento das suas dívidas junto dos Bancos credores, e como os Bancos subiram as taxas de juro, tal constitui mais um obstáculo à retoma da economia.
Numa outra escala, tudo isto me parece muito familiar, e talvez só tenhamos de aguardar mais alguns dias para vermos também descer de novo a notação da República Portuguesa.

Fonte: RFI

4 comentários:

Francisco Clamote disse...

É a pescadinha de rabo na boca.

vbm disse...

.

Julgava que os espanhóis viviam
de receitas de turismo e de
rendas, juros e lucros
pagos pela América Latina!

Afinal, também viviam de empréstimos...

E agora?
Vendem as casas aos turistas?

Hum...

Maria Josefa Paias disse...

.
Olá Francisco,

É verdade. No FB utilizei, há dias, a expressão "círculo vicioso" para caracterizar a nossa situação de há décadas e pelo facto de não aprendermos com os nossos próprios erros, que também seria adequada para aqui. Ou aquela do "cobertor" que não chega para tapar tudo, se tapa a cabeça destapa os pés e vice-versa. Enfim, aguardemos o que virá.

Obrigada e um abraço.

Maria Josefa Paias disse...

.
Olá vbm (Vasco),

É o que se vê, Vasco!

E se venderem as casas aos turistas, só se forem a turistas asiáticos, porque só por esses lados é que parece haver crescimento notório, além de alguns países da América Latina.

Não sei se já se apercebeu que, por causa disso, já se debate a falta de crescimento nos regimes democráticos em contraponto com o grande crescimento em regimes ditatoriais e de mão-de-obra quase escrava.

Há uma ou duas semanas partilhei no FB um artigo do Finantial Times sobre a dificuldade dos europeus em lidarem com a austeridade e a sua habituação à "sociedade de conforto" que criaram, em comparação com os tipos de sociedade existentes noutros continentes e o modo como respondem às dificuldades. Claro que ninguém deu importância nenhuma ao mesmo, porque, no FB, tudo o que tenha mais de duas ou três linhas, ou implique atenção e reflexão está condenado. Talvez tivesse sido melhor se o tivesse traduzido e publicado neste blogue, porque é um artigo interessantíssimo.

Obrigada e um abraço.